sábado , 23 janeiro 2021
Keep on Running!! Por volta das 11h embiquei na BR 116 rumo ao sul. Daquele trecho até quase a metade de Santa Catarina a pista é estreita, de mão dupla e sem acostamento. E ali o tráfego de caminhões é intenso nos dois sentidos devido à imensa indústria regional da madeira. A cada 10 kms rodados eu era ultrapassado por uma carreta carregando troncos de árvores.
Todavia apesar do grau de dificuldades, os motoristas, todos eles, foram de fato respeitosos. Talvez a experiência contasse o porque, visto que não é difícil de se encontrar ali na beira da pista, cruzes, flores e toda forma de homenagem fúnebre a alguém que morrera numa daquelas curvas. A BR pouco a pouco está sendo ampliada em diversos trechos. E será útil, pois se Deus quiser no ano que voltaremos em comboio, então é melhor abrir espaço…rs.
Pilotei ali na média dos 80 km/h pra menos, no receio de que o motor travasse ou alguma peça se soltasse como se soltou na segunda-feira a tarde. Abasteci em Quitandinha (PR), e não encontrei sinal de Wireless naquele posto, assim como em nenhum outro até a divisa. Era 13h quando entrei na cidade de Rio Negro (PR).
Depois do almoço procurei uma lan house para atualizá-los do meu paradeiro. As pessoas olhavam admiradas para mim. É impossível não ser notado com uma Vespa.
Tanto na cidade como na estrada a reação de quase todos é a mesma: um sorriso. Em todos os postos de gasolina que eu paro me perguntam basicamente duas coisas: “de que ano é essa moto?” e “essa moto tem marcha”?
Nessa cidade fiz uma pausa de duas horas, visando esfriar o motor recém-fechado, almoçar, escrever a coluna anterior desse blog, e do site patrocinador Moto Esporte. Era cerca de 15h quando liguei minha Vespa.
Em questão de 10 minutos já estávamos na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, ela e eu.
Continuo impressionado com a paisagem sulista nativa: as diversas casas de madeira à beira-pista, feitas lá nas primeiras décadas do século passado, as plantações de hortaliças, os pinheiros etc… Na altura de Papanduva (PR) fiz mais uma parada para o resfriamento do motor. Pelo telefone público falei com minha namorada em São Paulo e com o sr. José Ferreira da Silva em Lajes (SC), que me aguardava.
Completei o tanque e segui viagem. Vinte quilômetros adiante entrei na garoa a 80km/h.. Ao passar por São Cristóvão do Sul algo me fez sentir muito bem. A cidadela parecia deserta, a população toda estava em suas casas e o único barulho que se ouvia era o do motor da minha Vespa, e o do vento.
Às 19h o sol se apagava aos poucos como um dimmer. Ali na beira da Rodovia Régis Bittencourt avistei um supermercado de nome curioso: “Supermercado São Paulo Ltda, a casa do amigo trabalhador”.
Depois de meia hora passei por Correia Pinto, a cidade é considerada a capital brasileira do papel. E a cada quilômetro a paisagem rodoviária ficava mais bonita. O asfalto nesse trecho é um tapete liso, e o movimento dos caminhões já havia caido em 70%. Cheguei em Lajes às 20h30, e no portal descobri que a cidade é a capital do turismo rural. Passei pelo portal e soltei um berro: “Laaaajeeees”. Finalmente!
MEU ENCONTRO COM O AVENTUREIRO
A conversa foi sensacional. Esse foi um dos dias mais especiais para mim e para a SP. A Scooteria Paulista é agora a representante oficial do Sr. José Ferreira, e essa honra me foi autorizada por ele na noite de ontem. Caso queiram comprar o livro dele, contactá-lo para assuntos de mídia etc, fale conosco pelo [email protected].
Posso lhes garantir que está para nascer um sujeito tão vivido numa Lambretta quanto ele, e de fato esse homem merece mais honrarias do que teve até o presente momento. No Brasil até agora o seu reconhecimento foi limitado á alguns jornais e canais de televisão na época. Lá fora ele entrou para o Guinness Book, um recorde nunca superado, em se tratando de Lambrettas.
Dormi muito bem numa suite que ele e sua esposa reservaram para mim em sua casa. Hoje pela manhã conversamos bastante, sobretudo sobre a América. Nas suas viagens ele conheceu lugares e construções milenares, das civilizações Incas, Maias e Astecas, cheios de mistérios e segredos. Ele e sua Lambretta estiveram á beira da morte por diversas vezes.
O sofrimento e a estafa sofrida nessa viagem é um notável em sua feição. Ao chegar no Brasil, no fim de um ano na estrada, ele enfrentou anos de depressão e dificuldades de sociabilização. Os reflexos mentais perduraram até recentemente, quando finalmente sentiu ter superado o drama que viveu durante a sua volta ao mundo. Psicólogos na ocasião diagnosticaram-no como o homem mais vivido do mundo, pois em um ano teria vivido a experiência e os platôs psíquicos de um senhor de 120 anos. O “Zé Ferreira”, como é conhecido em Lajes, me deu muitas dicas úteis para a estrada, e mais do que tudo, me deu a inspiração para seguir sempre em frente.
Desde 1969, quando retornou ao Brasil, o Zé Ferreira não subia numa motoneta, e não vestia a sua jaqueta da viagem batizada de Mensageiro da Amizade. Hoje de manhã ele prestou a maior honra que um scooterista poderia receber no Brasil: ele a vestiu. Ao amigo José Ferreira da Silva, todo o meu respeito e afeto.
Muito feliz e gratificado por tudo isso deixo a cidade de Lajes (SC) rumo à Santa Maria (RS), aonde o grupo Herdeiros do Passado está me esperando para uma calorosa recepção à moda antiga.
MARCIO FIDELIS, na estrada…
2011-12-09
23 de dezembro de 2011
22 de dezembro de 2011
20 de dezembro de 2011
19 de dezembro de 2011
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Oi amigos, depois dessa viagem cheguei em São Paulo muito desgastado pois foram 3 semanas… e depois veio o reveillon.
Então passo por aqui para lhes desejar um feliz ano novo. E agradecê-los pela torcida e pelas palavras. J Alencar, de fato não poderia ter sido mais verdade do que isso. Procurei descrever a viagem com realismo e com a mesma emoção que eu sentia. Ronaldo e Fernanda, realmente o J.Ferreira foi o grande orgulho dessa viagem. Ele merece um capítulo a parte na história do scooterismo clássico.
Seu livro pode ser adquirido pela Scooteria Paulista através do email [email protected]
Valor 80 reais.
O AVENTUREIRO – A VOLTA AO MUNDO DE LAMBRETA
Haha, shouldn’t you be chriagng for that kind of knowledge?!
Eu não acreditaria nessa tua viagem se não fosse verdade!
Magnífico! Parabéns, parece ser uma aventura inesquiecível.
passa o valor do livro..obrigado…
Parabens a voce,Marcio,e ao sr José Ferreira.Belas aventuras. SIGA EM FRENTE ,SUCESSO.
Marcio, Parabéns mesmo a cada dia me surpreendo mais com a viagem.
Imagino o imenso orgulho que teve de conhecer pessoalmente o Aventureiro foi emocionante o finalzinho quando ele vestiu o seu uniforme que a anos estava no armário só para se despedir de você. Quando voltar terá varias histórias para contar alem dessas que estamos lendo diariamente…
Parabéns novamente e como disse numa postagem anterior estamos todos os Scooterista Paulista num comboio fantasma com vc amigo .
Abçs
Fernanda Borges